- Acabou! – Foi o primeiro e único pensamento que o seu cérebro conseguiu processar.
Com o rosto a ser banhado pelo sol, deixa que os músculos relaxem e que a sua mente se liberte. Tenta lembrar-se de pequenos pormenores do seu quotidiano, mas constata que tem vazios que não consegue preencher.Não se recorda de ir a casa, de falar com os amigos e a família, não se recorda qual foi a última refeição que tomou.
Suspira. Agarra na mala e no portátil, mas a pasta do trabalho fica no mesmo sitio onde a colocara quando chegara da conservatória. Tinha sido difícil conseguir levar a bom porto um divórcio “amigável”, só para evitar a barra do tribunal. A sua cliente precisa dela para tudo, telefonava-lhe até para decidir qual a cor do verniz que há-de aplicar nas unhas.
Ao sentar-se atrás do volante, um ténue sorriso desenha-se-lhe nos lábios. Enquanto conduz, em pleno estado de dormência e descontracção, sente todo o stress e fadiga a libertar o seu corpo.
Trauteia o último sucesso de Rita Guerra “Pormenores sem a mínima importância”, mas o toque do telemóvel apanha-a desprevenida.
O coração dispara, as mãos suam, o corpo é percorrido por arrepios e suores frios…
- Atendo?! Ou não atendo?! – O dilema consome-a e o cérebro processa dados a 1000 à hora.
1 comentário:
Lá se foi o momento de descompressão. Quando se está a deixar o stress sair, uma das regras de ouro é desligar o telemóvel ;)
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